Cultura

Hoje é dia de Santa Iria padroeira da cidade de Tomar e damos a conhecer a sua história

Santa Iria, Padroeira de Tomar, terá vivido na antiga cidade visigótica Sellium / Nabância, em meados do século VII e a sua história trágica tornou-se uma lenda que faz parte do imaginário tomarense e foi tratada em muitos textos literários desde a Idade Média até Almeida Garrett chegando, em várias versões, aos nossos dias.

Caso o país não estivesse a atravessar esta pandemia, estaria a decorrer a FEIRA DE SANTA IRIA na bonita cidade do Nabão e neste dia seria realizada uma procissão da Igreja de S. João Batista para a capela de Santa Iria e ao atressar a ponte os alunos das escolas primárias e dos jradins de infancia fariam o lançamento de pétlas ao rio Nabão evocando a mártir Iria, que ali foi lançada e cujo corpo apareceu em Santarém ( ribeira de Santárem) daí o nome desta capital de distrito. Mas vamos à história

Era filha de Eugénia, nome latino, e de Hermígio, nome germânico. Em 653 da era de Cristo, Britaldo, filho do governador da cidade, prendeu-se de amores por Iria, uma bela menina de 15 anos, quando se encontraram na Igreja de S. Pedro Fins.
A impossibilidade de ter Iria, por ela se preparar para a vida religiosa, deixou-o transtornado. Também Frei Remígio, que educava Iria, sucumbiu à sua beleza! Repudiado pela jovem, o monge vingou-se dando-lhe uma infusão que a fez inchar, como grávida. Ao saber do facto, e julgando-se traído, Britaldo mandou matá-la enquanto orava, junto ao Rio Nabão, no pego do Convento cujo nome viria a ser de Santa Iria, às mãos do assassino Banão (anagrama do nome do rio).
Arrastado pelo rio, o corpo chegou ao Tejo, a Santarém, onde, por graça divina surgiu um túmulo que a envolveu e permitiu a sua veneração a todos quantos presenciaram o milagre.

Em homenagem à Padroeira e a esta mítica lenda, realiza-se em Tomar a Feira de Santa Iria, que integra a Feira das Passas, em Outubro, com o seu dia mais importante a 20 de Outubro, data que celebra Iria.
Esta Feira foi criada por Carta Real de Filipe II de Espanha, a 3 de Outubro de 1626, substituindo a anterior, de Santo André. Era feira de tendeiros, sirgueiros, sombreireiros, canastreiros, merceeiros, cordoeiros, ourives, sapateiros curtidores, oleiros, taberneiros, peixeiros, vendedores de legumes, de pão, de alhos, cebolas e esteiras de castanhas, de ferramentas e alfaias, peneiras e varas, de caixotaria, de cobertores e de panos. Esta tradição mercantil ainda hoje se mantém, aliada naturalmente, aos equipamentos de diversão e à gastronomia.

Lenda de Santa Iria
As histórias contadas de geração em geração variam nos pormenores, como por exemplo o nome: Irene ou Ireis, mas todas têm como fio condutor a bela Iria, casta e devota ao amor religioso. Ainda muito nova terá sido confiada ao cuidado de umas tias, que se encontravam recolhidas num convento de freiras situado junto ao rio Nabão. Menina bonita, dedicada à religião, depressa encantou a nova comunidade onde vivia, não suspeitando esta o fim trágico que em breve aconteceria.

Naquela época, nos idos anos do sétimo século, era tradição fazer-se uma festa solene em honra de São Pedro, localizada numa capela onde hoje fica o “velho” cemitério de Tomar.

Iria dirigia-se por diversas vezes ao local para as suas orações e foi num desses dias, durante a festividade, que Britaldo, filho dos governantes da região, a viu e se apaixonou. Mas Iria decide entregar-se somente à fé e declina os amores do jovem, fugindo dos desejos expressos do seu pretendente. Britaldo, dilacerado pelo desgosto, adoece gravemente. Preocupada Iria tenta demovê-lo da sua paixão, mas nada consegue.

Entretanto, a beleza de Iria desperta outra paixão, a do Frei Ramígio. Segundo algumas versões da lenda, também o religioso se declarou à jovem por diversas vezes. No entanto, as suas propostas foram sendo sempre recusadas.

Cego de paixão, Ramígio decide vingar-se. Convida Iria a sua casa e oferece-lhe um chá. Usando as mezinhas que aprendera na sua já longa vivência, fabrica uma bebida que provocou um inchaço na barriga da jovem, dando-lhe a aparência de grávida.

A comunidade cedo se deixou levar pelos comentários em torno de Iria e Britaldo, convencido pelas aparências e rumores, julgando-se traído e louco de ciúmes, ordenou a um soldado da sua confiança que a matasse.

No dia 20 de Outubro de 653, quando Iria rezava numa capelinha junto ao rio, foi apunhalada e atirada às águas do Nabão. O corpo foi transportado pelas correntes e só foi descoberto em Scalabis, onde “milagrosamente” se ergueu um sepulcro de mármore.

Scalabis tomou o nome de Sant’Irene (Iria), hoje conhecida por Santarém, mas é em Tomar que a jovem Iria se tornou santa padroeira e ainda hoje é recordada e homenagea

ANTÓNIO FREITAS

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